terça-feira, 20 de setembro de 2011

A importância do Pax

Sempre gostei de teatro. Recordo-me de ser jovem e acreditar que o meu futuro passaria, sem sombra de dúvida, por uma carreira nos palcos. Com uma curta carreira - um ano de OED no secundário - rapidamente essa esperança desapareceu e ficou apenas o gosto pelas artes cénicas/performativas.
Gosto de teatro e gosto de cinema. Não concordo que a maioria da produção cultural esteja confinada à capital, valorizo o tremendo esforço que uma companhia tem que fazer para se deslocar às zonas mais isoladas e aplaudo de pé o esforço das companhias amadoras, que sobrevivem quase sem meios e movidos, muitas vezes, apenas pela vontade de criar algo novo, de não deixar morrer o espírito criativo aqui nestas bandas.
A cultura no nosso país nunca foi muito valorizada. Não se deposita num banco, não a podemos guardar na carteira e isso, para a maioria dos nossos governantes, é o bastante para não lhe darem a devida atenção.
Contudo, o que nos escapa enquanto país é que nunca seremos desenvolvidos enquanto não apostarmos na cultura, no ensino. A cultura - algo tão abstracto e tão palpável ao mesmo tempo - é o que torna um povo rico, esclarecido, evoluído.

Conheço uma professora que desde que começou a dar aulas no agrupamento onde lecciona faz questão de levar os seus alunos a assistirem a peças com adaptações das obras literárias que irão estudar. Assim se mudam mentalidades, assim se educam os jovens, assim se mudam costumes... Mas isso já é outra história!

Só eu sei o que me custa quando oiço os jovens dizerem que no Alentejo não acontece nada, que se querem ver teatro ou cinema de qualidade têm que ir a Lisboa (Será que todas as pessoas que vivem em Lisboa vão TODAS AS SEMANAS ao teatro? Duvido...) Certo é que na capital existe o triplo (para não dizer mais) da oferta cultural que existe em Beja, por exemplo. Contudo, cabe a esses jovens levantarem o rabiosque do sofá e irem até ao Pax, à biblioteca, à casa da cultura. As iniciativas existem, também temos mentes pensantes e criativas no Alentejo, simplesmente ninguém tem esse hábito. Se estiverem em Lisboa até parece mal não dar um saltinho a um museu ou ao D.Maria, mas se estiverem em Beja, as ofertas são tantas que já não parece mal não ir.
Minha gente, a parte boa desta questão é que os hábitos adquirem-se, mudam-se, especialmente se forem para melhor.

Recomendo que vão, nem que seja uma vez, que experimentem, que tentem descobrir do que gostam, do que não gostam. Têm ciclos de cinema, têm peças de teatro, têm espectáculos musicais, bailados... Peço apenas que olhem para os artistas que pisaram este palco no ano passado e que me digam, se forem capazes, se não foi um ano fantástico a nível cultural!
E depois, se não gostarem, o que eu duvido seriamente, têm sempre aquele bar que fica ali numa esquina em frente e que só abre um pouco depois do Pax fechar. Afinal, já dizia o outro, "há tempo para tudo!"

Eu "arrasto" as pessoas que me são queridas para aquele espaço e acho que nunca o abandonaram com o sentimento de "tempo perdido a olhar para as paredes".
Até o meu pequenino já foi ao Pax e gostou, por isso, se uma criança de seis anos gosta, vocês também irão gostar, não?

Alguns dos momentos mais marcantes dos últimos tempos:
* Sassetti (e os nossos vizinhos que estavam a vibrar com o concerto)
* Pedro Abrunhosa (o senhor torna-se surreal em palco)
* "Carteiro Paulo" (porque foi com o meu pequenino!)
* Martina Topley Bird (e pensar que ia perdendo este concerto por estar agarrada a um hambúrguer do Mac, felizmente, o meu salvador arrastou-me para fora do carro)
* "Blackbird"
* "José e Pilar" (apesar de estar tremendamente doente nesse dia)
* "O concerto"
* António Zambujo (ou angry birds)
* "O segredo dos seus olhos"
* Tiago Bettencourt
* "Adorável criatura" (dos melhores monólogos de sempre!)
* "Duas irmãs" (sei que a meio da peça proferiram uma frase simplesmente fenomenal e arrependi-me de não ter levado a minha agenda para a apontar)

And so on...

P.S.- Um aplauso também para a equipa do Pax que continua, apesar de tudo, a lutar por uma aposta cultural digna do nosso alentejo.
P.S.2- Ando com um azar com a Olga, sempre que tento ir ver os espectáculos da senhora, nunca consigo. Da última vez, a frustação foi tanta que fiz birra em pleno centro histórico da cidade de Beja. Felizmente, há uma pessoa com paciência para as minhas birras :)

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