segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Sr. Ministro falou e, uma vez mais, errou mais do que acertou!  (já vem sendo uma constante!)
Gosto deste Alentejo onde conseguimos guiar durante horas a fio e não ver viv'alma.
Gosto deste Alentejo que cheira a campo e flores.
Gosto deste Alentejo com uma linha de horizonte a perder de vista.
Gosto deste Alentejo onde me reconheço e revejo...
Os senhores das obras hoje deram-nos descanso e nós agradecemos!

Herman 2011

Quando era mais jovem passava noites acordada vendo o sr.Herman na RTP. Este fim-de-semana, em pleno momento caseiro, regressei a esse hábito. E qual não foi o meu espanto quando comecei a rir, à gargalhada, com as piadas do senhor lá do sítio. Pelos vistos, os génios nunca morrem, por vezes adormecem... Tempo demais, na minha opinião!

(P.S.-Assim que conseguir encontrar o vídeo com a melhor explicação alguma vez dada pelo Prof. José Hermano Saraiva, publico!)

As horas, as viagens e a Rússia

Sempre gostei do horário de verão, a ideia de anoitecer às nove da noite reconforta o meu pobre coração. Contudo, este ano, e tendo em conta as minhas viagens às sete da manhã, devo confessar que hoje me senti muito feliz quando entrei no carro e já tinha o sol como companheiro. Acima de tudo, gosto de luz. Adquiri, recentemente, o hábito horrível de ter uma "luz de presença" no meu carro. Se durante anos, viajar foi algo que gostava/teimava em fazer sozinha, depois de descobrir o fantástico que é viajar acompanhada, penso que nunca mais voltarei a enfrentar a estrada solitária da mesma forma.
E descubro, enquanto vejo as notícias online, que na Rússia ninguém vai mexer nos relógios. As justificações científicas não aniquilam o estranho que é... Enfim, o mundo anda realmente ao contrário e são estas coisas que nos fazem duvidar do futuro da Humanidade!
Não percebo a contagem da população mundial. Quantidade não é sinónimo de qualidade.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Zorro



Com direito a Angry Birds :)
Ora, visto que já sou uma verdadeira expert na arte de colocar vídeos no blogue, aqui vão dois que já mereciam ocupar este espacinho...
Posso pedir, baixinho, ao Mundo que pare de girar por uns momentos? Só para que eu me possa deitar debaixo duma árvore e ver a chuva cair...
Hoje, com a previsão de chuva e aquela nostalgia a dominar o ambiente, entrego-me às músicas lamechas...
Da necessidade de crescer nasce a vontade de conhecer.
Do crescimento nasce a responsabilidade.
Da responsabilidade advêm as dores de cabeça.
Das dores de cabeças nasce o mau humor.


Ora, há pessoas que nunca sentiram necessidade de crescer. Conheço pessoas que nunca tiveram uma dor de cabeça na sua vida e, invariavelmente, estas duas categorias são tão felizes! Acho que andamos sempre à procura de "sarna para nos coçar". Mas não há nada a fazer, somos assim...

Claraboia

"Sim. Os tempos são outros, mas os homens são os mesmos…"

Saramago regressa para nos iluminar mais um pouco. Saramago regressa porque deixou saudades. Saramago regressa porque o Mundo não estava preparado para perder um génio... Saramago regressa para nos contar as verdades, para mostrar a ferida, para nos fazer pensar...

Ary

Hoje acordei com saudades desta voz rouca...
Sou, por norma, uma pessoa pessimista. Não que desmoralize os restantes que me rodeiam mas nunca acredito naquele mundo cor-de-rosa que nos tentam vender quando somos crianças. Há qualquer "coisa" na Humanidade que me faz sempre desconfiar e sentir que nunca chegaremos longe, que nos iremos auto-destruir hoje e sempre. Quando comecei a interessar-me por política tentei estar informada. Li os livros, os manifestos e demais documentos oficiais. Com o tempo, e algumas desilusões nessa área, descobri que os livros são a utopia mais pura que existe. Os livros são palavras, pensamentos idílicos e perfeitos. Quando chegamos às pessoas, a realidade é bem diferente... Não somos uma boa espécie, essa é a verdade!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A estreia

Preparem-se, agarram-se às cadeiras, chegou o momento!!!!!

Peixoto

"O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.
O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.
Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.
Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.
Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.
Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança."

Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011

 Sei que a ideia dum blog é sermos nós a exprimirmos as nossas ideias mas o sr. Peixoto foi tão eloquente, entrou bem dentro da minha mente e disse EXACTAMENTE aquilo que eu queria dizer.
Felizmente sempre fui uma aluna dedicada, felizmente sempre respeitei os meus professores, felizmente sempre os admirei e encarei o conhecimento que me transmitiam como algo único, fantástico e inquantificável... Infelizmente, os alunos hoje perderam a crença no sistema de ensino. Infelizmente hoje os alunos não querem aprender com os professores. Infelizmente hoje os alunos querem o facilitismo, o copianço e demais técnicas de aprendizagem alternativa. 
Talvez por isso queira ir para "o fim do Mundo", onde a minha palavra ainda seja ouvida, onde os meus gestos sirvam para melhorar a vida de alguém, onde eu possa dizer que ajudei a melhorar a próxima geração!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Turabarão e Desemprego

Que um tubarão nasça apenas com um olho e com um tom de pele um pouco mais claro do que a média não é algo que me espante. Primeiro porque com o cuidado que a nossa espécie tem relativamente à natureza estes fenómenos vão deixar de ser uma "raridade" para serem uma "constante". Segundo, o rapaz percebeu que neste mundo mais vale ser diferente do que cinzentinho, igual a todos os outros. E terceiro, de que servem os dois olhos se na maior parte do tempo o Mundo não nos deixa pensar como queremos, ver o que querermos e escolhermos o que queremos?! É o princípio da economia no seu ponto mais alto!

Expliquem-me porque se espantam os senhores que fazem as estatísticas em Portugal com o aumento do desemprego?! Achariam que com fábricas a fechar todos os dias os números do desemprego iriam ser, de forma milagrosa, positivos? Eu não percebo muito de números e economia, confesso, mas até eu, uma leiga na matéria, conseguia adivinhar isto! Agora o que não consigo adivinhar, e nessa área peço ajuda aos senhores que estão na Assembleia, é como é que o Estado pode ir para a frente e o país sair da crise em que se encontra com pessoas a serem despedidas todos os dias?!

Do outono e da geografia

Dizem que o outono chegou a Portugal e, pela primeira vez este ano, obtive a confirmação: Moura faz parte de Espanha!

A necessidade de ser bom

Nunca gostei de pessoas arrogantes ou com a mania da superioridade - frase que tenta aniquilar qualquer ideia que tenha nascido da leitura prematura do título deste post.
No entanto, tendo em conta a conjuntura global, acredito que temos que ser BONS no que fazemos; ser assim-assim já no chega, primeiro pelo mercado competitivo em que vivemos e depois porque o ser mediano não traz felicidade a ninguém! 
Durante anos os portugueses (uma vez mais relembro que não gosto de generalizações, portanto, não encarem este plural como uma!) contentaram-se com o satisfatório, com o "fazer o trabalhinho como se pode" e não perderam tempo em investigar no que seriam mesmo bons. No meio da caminho delegámos para segundo plano aquela que devia ser a nossa primeira opção: a concretização dos sonhos profissionais! Relembro com emoção as palavras da famosa apresentadora norte-americana quando dizia "temos que encontrar aquilo que nos torna únicos, que nos dá prazer, que nos motiva todos os dias". Por isso, e como o outono chegou, hoje é um bom dia para deixarmos o "razoável" para trás e apostarmos no "extraordinário"!

domingo, 16 de outubro de 2011

E chegou ao fim mais um fim-de-semana com calor e pouca produtividade. Por norma não gosto de ser produtiva durante o fim-de-semana, julgo que o propósito dos mesmos é o "não fazer naaaada!". No entanto, com a conjuntura económica, social e política que se vive neste país (e no Mundo!) parece quase uma ofensa passar dois dias sem produzir algo! Hoje não produzi rien de rien e senti-me bem com isso - que os senhores governantes nunca leiam este blog.
E, por isso, agora estou deitada e sem sono, como seria de esperar.

sábado, 15 de outubro de 2011

Os sem-sentido que fazem todo o sentido

Amor. Crescimento. Risos. Areia. Árvores. Livros. Cama. Velas. Choro. Dor. Filmes. Beijar. Viajar. Aprender. Sofrimento. Cheiros. Mar. Lenços. Horas. Carro. Abraçar. Séries. Museus. Blog. Desafios. Conversas. Correr. Monumentos. Crescer. Palavras. Textos. Pressa. Pânico. Álcool. Noite. Loucura. Solidão. Alegria. Doença. Obsessão. Memórias. Família. Medo. Avô. Carrinhas. Fotos. Passeios. Mensagens. Sentir. Viver. Cair. Erguer.

Fim!

Do tempo e da sabedoria

Com o tempo deixamos de acreditar em sonhos, tudo começa de forma tão simples e inocente como isto. 
Com o tempo as esperanças da infância caem em desuso e o Mundo oprime o nosso optimismo. Perdemos o riso espontâneo, a alegria das pequenas conquistas e a felicidade dos caminhos conquistados.
Com o tempo esquecemo-nos dos valores aprendidos em tempos idos. As palavras sábias dos pais parecem desactualizadas e são remetidas para os cantos sombrios e ausentes da memória.
Com o tempo esquecemo-nos da importância do amor. O gostar, o abraçar, o cuidar passam a ser conjugados no pretérito perfeito e contentamo-nos com essa mudança gramatical.
Com o tempo tornamo-nos naqueles seres detestáveis que odiávamos quando éramos pequenos. Sempre demasiado ocupados para tudo, sempre com uma agenda a cumprir, com um caminho a atravessar, com um assunto inadiável, com um ar de cansaço que mais parece terminal que satisfatório. 
Com o tempo ficamos aquém do que imaginámos para nós e desculpamo-nos de forma esfarrapada: o tempo, as oportunidades, o dinheiro, a sociedade... 
Com o tempo aprendemos a mentir sobre os nossos fracassos e a disfarçá-los com mestria. 
Com o tempo perdemos a humildade e a capacidade de reconhecermos os nossos defeitos.

Sim, o tempo traz sabedoria, rugas de conhecimento e um coração cheio de recordações mas o mesmo tempo que nos traz a "iluminação" necessária para sobrevivermos neste mundo, apaga a pequena chama que todos carregamos cá dentro quando nascemos, a chama da esperança num futuro melhor.
Tenho algum receio do senhor que me pede moedas em Beja, confesso.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A cidade abandonada

E Beja, às oito da noite de sexta-feira, parece um monte. E tenho-o dito!

Against all odds

Contrariamente ao que seria de esperar, já dei por mim, quatro ou cinco vezes, agarrada ao youtube a ouvir os 30 segundos. Devo estar a ficar com uma gripe upa upa...

Não, não creio no novo Orçamento de Estado

Não, não creio que estas medidas governamentais sejam as correctas.
Não, não creio que um Estado que corta na educação possa vir a ter futuro.
Não, não creio que as pessoas possam confiar num Estado que não dá o exemplo.
Não, não creio que a Função Pública seja a responsável por todos os males do país.
Não, não creio que a Sra. Merkel deva ter um papel tão importante no governo do nosso país quando, há meia dúzia de meses ela, provavelmente, nem sabia onde ficava Portugal.
Não, não creio que alguém que não nos conhece possa opinar sobre as nossas contas e o nosso dinheiro.
Não, não creio que consigamos algum dia olhar para o que somos na realidade, sem a áurea fabulosa do passado ou a ideia estúpida do presente de que fomos talhados para grande feitos.
Não, não creio que um Estado deva ser analisado como um conjunto de números mas sim como um aglomerado de pessoas.
Não, não creio que sejamos um povo preparado para a democracia.
Não, não creio que os jovens sejam "convidados" a ficar no seu país e a crescer.
Não, não creio que uma família consiga sobreviver sem passar fome e grandes necessidades com estes cortes.
Não, não creio que a culpa seja do povo mas sim dos irresponsáveis que têm governado Portugal estes anos todos.
Não, não creio que seja fácil sair da crise mas não o considero impossível.
Não, não creio que estejamos conscientes do que o futuro nos reserva.
Não, não creio que consigamos todos sobreviver com a índole intacta a esta crise.
Não, não creio que vivamos em liberdade e igualdade como a cantiga de Abril anunciava.
Não, não creio que este governo seja melhor do que o anterior.
Não, não creio que estes políticos tenham "amor à camisola".
Não, não creio que os jovens de amanhã sejam a salvação para a nossa nação.
Não, não creio que consigamos produzir algo neste país atrofiado e sem vontade de se erguer.
Não, não creio que isto vá lá com uma revoluçãozinha de meia hora.
Não, não creio que se consiga ser feliz neste "cantinho à beira-mar plantado".


Creio, sim, que Pessoa tinha razão "falta cumprir-se Portugal"

P.S. - Creio que quando saem da Assembleia vão todos juntos à marisqueira e comentam entre si: hoje demos um grande espectáculo para o povinho. Epá, não precisas fingir tão bem que não gostas de mim, eles já sabem que os nossos partidos não se gramam!
Creio que nunca conseguiremos  acreditar que aquilo que se passa lá para os lados da Assembleia seja política séria e justa.
Saudades de chegar a casa pela mão do meu avô. Ele era tão grande que fazia o Mundo parecer tão pequenino e fácil de controlar.

A necessidade de estabilidade

Durante esta semana tive o prazer de falar com um colega meu que, durante  a sua adolescência, armou-se em aventureiro e correu essa Europa de mochila às costas. Quem me conhece sabe que sempre tive esse sonho, essa vontade de procurar, de conhecer, de partir. Nunca senti que a terra onde nascemos TEM DE SER a terra onde morremos, somos, invariavelmente, seres do Mundo, do Universo!
Depois de conversar com ele, a minha vontade de percorrer esses caminhos aumentou exponencialmente. Não digo que viver em Cuba seja algo horrível, não é! No entanto, sempre senti que aqui não era a "minha praia". A vida, a oferta, o ritmo, as pessoas... Não, não é um juízo de valor, é apenas um desconforto. Creio que a primeira a notar esta "vontade" foi a minha mãe, depois os amigos e agora tornou-se tão palpável que qualquer pessoa que fale comigo, percebe que estou desejosa de partir.
Recordo-me do dia em que telefonei a um amigo meu e lhe disse que ia embarcar para a Venezuela. Claro que o rapaz se espantou e ia caindo da cadeira mas sempre achei que um dia iria fazer esse tipo de telefonema, aquele que anuncia um adeus prolongado, que traz a notícia duma viagem para o outro lado do Mundo.
Em Portugal somos assim, demasiado comodistas (apesar do estigma continuar  a ser com a palavra comunistas, não aprendemos ai ai), demasiado estatais (todos temos que trabalhar sobre a alçada do Estado, com direito a cartão da ADSE e a X dias de férias), pouco empreendedores, pouco sonhadores. Tudo é analisado em lucro, em dinheiro e não em concretização e felicidade. Acredito que grande parte das pessoas que trabalham para o Estado estão a desperdiçar as suas verdadeiras competências e a exercer apenas satisfatoriamente a sua profissão.
Claro que toda esta conversa se torna obsoleta se estivermos a falar duma pessoa com casa, carro, filhos e a dita vedação a proteger o cão! Mas em que Mundo vivemos se não podemos usufruir dos nossos sonhos, se não tivermos nunca o prazer de os concretizar, se nunca os pudermos substituir por outros sonhos novos? Eu gostava tanto de não perder a minha capacidade de sonhar! 

Esta conversa arrastou-se durante intervalos de aulas, esperas pelo toque e entre o ruído dos outros colegas. Ele invejava a minha idade e o sem-fim de possibilidades que ainda existe quando temos vinte anos. Eu invejava a experiência, todas as aventuras que ele tem apontadas no seu diário pessoal e toda a VIDA que ele adquiriu com as mesmas.
Falámos do Che e das suas viagens, ele falou da África onde sempre sonhou viver e eu partilhei com ele a crença que carrego: noutra vida habitei a América Latina.

Ele aconselhou-me a perseguir os sonhos, a concretizá-los, a conhecer outras culturas, outros povos... Eu, pela segunda vez esta semana, tive pena de ser portuguesa. Porque somos pequeninos nesta coisa de sonhar, porque nos contentamos com pouco e porque, sempre que encontramos alguém que ainda possui essa capacidade, rebaixamo-lo e extraímos toda a força e energia do seu ser.
Ver a Oprah dá nisto:
Acho que cada vez há mais psicopatas na nossa sociedade e tenho algum receio disso!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Às vezes acordo com dores de coluna e penso "Patrícia, estás a ficar velha!"

E não é que estou...
Tenho saudades de ler...

Steve

Nunca possui um único objecto da marca Apple, apesar de haver cá por casa um ipod cor-de-rosa que permite à Nelinha cantar, que nem uma louca, enquanto faz as limpezas. Contudo, dou valor às pessoas que pensam "para lá da caixa" e, por isso, e como os génios vão sendo algo raro no nosso mundo, um obrigada ao Sr. Steve e um adeus. 

Rock in Rio II

Sempre gostei de artistas. Considero o artista um sofredor, alguém que viva a sua vida com o fantasma da criação sobre a sua cabeça, tem muito sofrimento pela frente. Contudo, esta semana, ao ler uma entrevista num dos jornais do costume, senti uma revolta imensa em relação aos ditos artistas que pisaram o palco do Rock in Rio. Para quem pertence à minha geração, aprendemos a olhar para o Rock in Rio como uma iniciativa que visava contribuir para um mundo melhor. Qual não é o meu espanto quando leio uma entrevista com a sra responsável pela concretização dos devaneios das estrelas e descubro que aqueles artistas estão todos loucos! Para eles a ida ao Brasil, ou a qualquer outra parte do Mundo, não é vista como uma oportunidade de tocarem, de mostrarem a sua música e levá-la além-fronteiras, é vista como uma desculpa para pedidos inimagináveis e exigências sobre-humanas. É impressão minha ou muitos dos artistas que fazem aquelas exigências absurdas - que em nada contribuem para uma melhor prestação ou para uma criação artística mais "elevada" - começaram a sua carreira em bares de terceira, com os alcoólicos do costume como público? Oh meus senhores, vamos lá a ganhar juízo e a fazer música pelo simples valor e motivo de "fazer música". Afinal vocês são músicos não são decoradores - nada de fazerem exigências sobre a cor que deve predominar nas paredes do camarim - nem cozinheiros - nada de exigir o bife X, a alface Y ou a cerveja W. Somos todos adultos. O que vocês precisam é de chegar a um palco, ter algum respeito pelas pessoas que vos aturam durante dias, com a vossa postura de divas, e cantar, para aqueles indíviduos que, mesmo em tempo de crise, despendem dinheiro do seu orçamento para vos irem ver.
Aqueles lemas do rock, do pop e demais géneros musicais ficam muito aquém quando lemos estas entrevistas. Vamos lá a valorizar a profissão que essa questão das exigências fica-vos muito mal!

P.S.- Ahh e que tal pararem de consumir substâncias antes de subirem ao palco?? Já pensaram que à vossa frente estão milhares de pessoas e que, algumas delas, podem achar que vocês são um exemplo a seguir?! Sim, no mundo em que vivemos, alguém levar a vida que vocês levam é motivo para inveja! As crianças estão lá, tentem mostrar-lhes que podem ser alguém, mudar o mundo sem recorrer a essas coisas!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Rock in Rio I

E os Coldplay homenagearam a Amy. Se não fosse o facto de estar chateada com eles por causa do Optimus, até os aplaudia. Fairplay musical - ainda que tardio - é algo que me emociona.


P.S.- O facto de eles não me terem deixado cantar o Fix You em pleno palco Optimus deixou-me muito magoada. Enfim... Nem sabem o que perderam. Eu sei o que achei: notinhas de cinco euros, todos os dias, no recinto. Ah, no último dia tentei uma internacionalização e achei cinco reais! Eles gostam tanto da minha presença que até me pagam para eu ir...

Palavras palavras

O livro da Nês continua encostado na minha estante. E as palavras? Onde andam? Fogem-me como se fossem notas de 500 euros.
Amanhã prometo considerações políticas neste blog! Prometidinho...

Moura e Política

E pronto, já tive a minha primeira conversa política em Moura. Penso que o meu colega ponderou abandonar a sala duas ou três vezes mas, tendo em conta que eu não me calava, desistiu da ideia.

Estarei a tornar-me numa pessoa chata?!

O jantar de Quinta

E, agora que acabei de escrever as tão-prometidas cartas, consigo fazer um balanço da formação/do jantar e de toda a experiência que foi Alcáçovas. 
Na Quinta lá fui, no meu bolinhas, até Alcáçovas. Fui ensaiando discursos, recordando momentos e despedindo-me daquele caminho que percorri durante o tórrido verão alentejano.
Foi fantástico. Eles foram fantásticos. Flores, canetas, matraquilhos, bolos, Sevilhanas e muita, muita diversão! 

Eles foram e são fantásticos... Vou ter tantas saudades deles :(

Foi por causa de pessoas como eles que quis dar aulas e, infelizmente, eles são a minoria. Se todos os alunos fossem como eles, este país seria um lugar muito melhor.

Um bem-haja a todos e toda a felicidade deste Mundo! E lembrem-se, NUNCA É TARDE DEMAIS!

Ora ora, ainda há quem escreva aqui!

Após uma longa e sentida ausência, regresso de forças recuperadas para o meu blog.
A ausência é justificada por um sábado muito movimentado - as comemorações do aniversário e todas aquelas pessoas fantástica que quiseram partilhar este dia e este momento comigo - e, também, um início de semana sem descanso!
Relativamente ao aniversário, tive direito a mensagens fofinhas, telefonemas carinhosos e visitas inesperadas (a nossa grávida preferida veio até ao Alentejo, heiiiiiiiiiiiii). Houve de tudo um pouco, para todos os gostos! Houve prendas, abracinhos e uma dormida fantástica, qual princesa, no sofá da sala, no fim do dia.
Foi um dia fantástico por todos os motivos e mais alguns :P
Obrigada às visitas, aos amigos, às pessoas super especiais que vivem no meu coração e que tornam o meu mundo um lugar simplesmente fantástico!
Beiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiijos a todos!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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A idade e considerações alimentares

Este fim-de-semana é o meu aniversário. Gosto do meu aniversário por dois motivos: o facto de a minha mãe ter arriscado a sua vida para eu "vir ao mundo" e  porque sempre desejei ser mais velha. Não queria ter 18 anos, como a maioria dos jovens, queria ter 50 e todo o conhecimento inerente a essa idade. Os meus alunos "velhotes" sempre me disseram que eu era uma jovem num corpo de pessoa velha e sempre senti isso. Sinto-me melhor a falar com pessoas mais velhas, gosto de ouvir as suas histórias e aprender com elas o que foi ter vivido noutras eras. Enfim, é o meu aniversário e a madrinha vem, de propósito, de Sesimbra. Percebem agora o que digo sobre a família? Família é quem faz uma série de kms só para me acordar, no sábado de manhã, com um beijinho de parabéns. A madrinha vem e cheira-me a bolo e tarte de amêndoas! :)

O jantar e a possibilidade de inundar Alcáçovas

Hoje tenho jantar com os meus meninos e "cheira-me" que me vou desfazer em lágrimas. Acho que a banda sonora da minha viagem de regresso a casa será a música "As lágrimas, o ranho e os soluços de Patrícia" :)

O livro

Finalmente a Lombriga comprou o livro onde o meu conto aparece. Não digo que o meu conto seja digno de um Nobel mas é meu, algo que eu escrevi e do qual me orgulho.
Durante anos, a Lombriga foi a minha "editora". Ela detém grande parte do meu espólio literário e penso que, um dia, quando eu já não estiver consciente, vai vender os meus textos e ganhar uma fortuna - e neste pensamento não me incomoda nada a ideia de que ela me possa estar a burlar, incomoda-me a ideia de que, algum dia, alguém possa vir a interessar-se pelos meus escritos.
Sempre escrevi muito, por defeito, por feitio, por alegria, por tristeza. As palavras sempre foram "a minha coisa", assim como os livros que, imagine-se, são um conjunto enorme de palavras.
Quando o mundo parecia desabar, sentava-me na mesa do Pocinho e escrevia. As mágoas parecem menos dramáticas quando são transformadas em metáforas.
Nunca fui organizada nos meus escritos. Fui rabiscando folhas, deixando-as espalhadas pelo meu mundo e, talvez um dia, tudo se junte e forme uma grande Patrícia.

Enfim, a Lombriga comprou o meu livro e tenho que escrever uma dedicatória. Tudo isto seria fácil se não a conhecesse há anos. Se não tivesse já partilhado tantos momentos com ela. Se não lhe tivesse já dito tanta coisa como disse. Às vezes sinto que nem precisamos de palavras! E talvez, no nosso caso, as palavras estejam mesmo gastas, mas no sentido literal, já as usámos todas.
Talvez me limite a escrever "para a minha editora, aquela que sempre guardou os meus rascunhos e que sempre acreditou nos meus sonhos" ou "para a minha irmã mais nova, aquela que olha para mim como se eu fosse um modelo a seguir quando, na realidade, sou o oposto do que ela me vê".

Sempre fui a pequenina cá em casa. Quando o Zé chegou eu já era mais-ou-menos grande e agora com o meu pequenino somos mais "mães" que outra coisa. A Lombriga adoptei-a como "irmã mais nova". Ela cedeu-me esses direitos, ouviu os meus conselhos e sinto que, mesmo que estejamos a kms de distância, ela vai sempre vir se eu lhe telefonar. 

Por isso, cara editora, fica difícil escrever uma dedicatória quando, no nosso caso, as histórias já davam, elas próprias, um livro!



As novas pessoas

Sei que vivemos sempre agarrados às pessoas que sempre fizeram parte da nossa vida, é instinto natural ficarmos perto das pessoas que conhecemos, de toda a vida.
No entanto, nos últimos dias tenho conhecido pessoas novas. Sempre gostei desta possibilidade - conhecer pessoas novas. Às vezes, num nível muito pessoal, pode parecer assustador pelo simples facto de que essas pessoas podem não gostar de como nós somos, uma vez mais, a tal questão da insegurança em relação ao que somos e ao nosso valor. Mas devo confessar que têm sido uma surpresa bastante agradável estes "novos conhecimentos". São pessoas com as quais nunca falei mas que me receberam com um sorriso e uma palavra amiga e isso fez-me sentir bem.
Sabe bem voltarmos às "nossas pessoas de toda a vida" mas sabe igualmente bem alargarmos os nossos horizontes.
E depois, crescemos imenso com as pessoas que conhecemos e com as quais contactamos. Nós somos, efectivamente, uma mistura de todas as pessoas que se cruzam connosco e que deixam dentro de nós um pouco delas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Os meus "meninos" fizeram-me chorar :)

Action 13

"Try something new or different."
Sugestões?

E no meio da minha ronda pelos blogs alheios...


A minha mãe, quem a conhece pode atestar, é um ser do mais doce possível. Quando a tratam bem, consegue arriscar a sua vida por outrem, e quando a tratam mal, rapidamente se esquece do que lhe fizeram. Sempre nos incutiu esse espírito. Resultado:
* Um filho que se zanga mas que cinco minutos depois já se esqueceu do motivo da zanga;
* Uma filha que distribui beijos por toda as pessoas lá de casa;
* Um afilhado que não toma uma única decisão sem a consultar;
* Um outro afilhado que lhe dá toques no braço mil vezes ao dia como demonstração de afecto;
* Um sobrinho que se pudesse vivia agarrado a ela
e
*Eu.
Penso que parte dessa nossa doçura adveio dos mil filmes da Disney que ela nos comprou e que via connosco. Quando somos crianças os momentos marcam-nos com uma dimensão avassaladora.
Por isso, continuo a adorar filmes de animação. Por isso, levei o meu pequenino a ver o Entrelaçados, chorei com o Toy Story 3 como se o mundo fosse acabar e obriguei o sr. "Final Destination" a ir ver comigo os Smurfs em 3D.
Estes filmes têm algo de mágico, conseguem fazer-nos sonhar e, neste mundo tão cinzento que por vezes nos deprime, todos os momentos que possamos ser felizes, são para aproveitar.

P.S.-E o filme de animação preferido da Mumy é A Teia de Carlota. :)
Com o tempo tudo perde validade, até a minha esperança na democracia para o povo português. :(

6:15

Hoje o dia começou cedo. Após uma noite turbulenta, devo confessar que acordei mil vezes e o algodão no ouvido não me deixava em paz, a viagem matinal serviu para acordar. Sempre gostei de conduzir em estradas vazias, há qualquer coisa de inexplorado numa estrada vazia que me cativa. 
Não sou uma pessoa madrugadora, nunca fui, mas sou uma pessoa dedicada e, por isso, quando é necessário na nossa vida mudarmos as rotinas e tomarmos outros caminhos, temos que aprender a encarar a mudança. Eu gosto de mudanças. Durante algum tempo na minha vida tive aversão a mudanças mas com a cura veio essa nova faceta. Antigamente, não dava um passo fora de casa sem antes estabelecer mil planos. Vivi com a minha "agenda mental" sempre aberta e isso limitou, imenso a minha vida. Nunca tinha tido muita consciência dessa limitação até que anulei a "agenda mental". Alguém muito sábio costumava dizer que o maravilhoso acontecia quando não estávamos à espera.
Temos tendência a correr atrás de tudo. É o nosso instinto de sobrevivência a dizer-nos que temos que correr, lutar para conseguirmos chegar a algum lugar. Em muitos casos é isso que sucede, porém, nem sempre. Por vezes, o segredo passa mesmo por pararmos de correr. Sei que parece comodista mas não é essa a mensagem, DE TODO. Contudo, se andarmos sempre a mil à hora o mais provável é que nunca consigamos apreciar o que temos à nossa volta.
Parece muito carpe diem e nunca fui muito adepta dessas mensagens baratas. Mas as coisas boas da minha vida vieram sem que eu corresse, apareceram e modificaram a minha vida. 
Chamem-lhe o que quiserem, eu continuo a acreditar que lá em cima, está alguém que consegue comandar isto tudo, cá em baixo, muito bem.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

E quando me perguntam porque faço o que faço, eu simplesmente respondo que também já estive nesse lugar e sei o que custa! Simples e curto!

O meu carro

Acho que um aspirador devia mudar-se para dentro do meu carro!

domingo, 25 de setembro de 2011

Q.I.

Após uma conversa com o doutor:

Ele: Não quer saber o resultado dos testes de Q.I.?
Eu: Não. Não quero quantificar a minha "burrice"!

E ainda hoje não sei o resultado. Os número podem condicionar a nossa vida... Que o digam os nossos governantes!

A salvação

Tive uma época da minha vida em que a minha sanidade era quantificável pelo número de frascos de álcool que utilizava. Os períodos sombrios da nossa vida parecem sempre tão presentes na nossa mente! Mumy diz que estou diferente e nem faz ideia do papel preponderante que teve na minha recuperação/salvação!

Times like these

Devíamos ter poder suficiente para mudar o Mundo. Há sonhos que deviam tornar-se realidade...

Das árvores e das pessoas

Gosto de árvores pela sua resiliência. Árvores e pessoas rectilíneas. Assim como umas vão escasseando na Amazónia, outras vão escasseando na sociedade portuguesa.
O mundo está mesmo a caminhar para o fim!

A tradição ainda é o que era

E o que eu gosto dos Domingos em família... E conforme previsto, houve ida à Senhora d'Aires, reza, visita aos pavilhões, alguns vislumbres de moda e, obviamente, a tão famosa patanisca de bacalhau. Porque, felizmente, algumas tradições ainda se mantêm!

A nossa vida devia ter OST

Ligeiramente viciada no clip dos 30 seconds to mars...
Ligeiramente viciada na voz do Casey Abrams...
Ligeiramente viciada na letra da música Fix You...
Ligeiramente viciada em concertos calmos...
Ligeiramente viciada numa música lamechas da Adele...
Ligeiramente viciada na postura do Dave Grohl...
Ligeiramente viciada na OST de Parenthood...

Felizmente, ainda há vicíos bons!

Vasco

Deliciei-me durante quinze minutos com os tesouros escritos por este senhor :)
Ainda há génios em Portugal!

Os cuidados que todos necessitamos

"Se cuidas de mim
Eu cuido de ti também
Dentro da minha mão
Eu guardo-te bem
Se amarmos do princípio
Se perdermos tudo outra vez
Vou marcar-te bem
Como um sonho vão
Dentro da minha mão

Se cuidas de mim
Eu cuido de ti também
Se vens em paz
Eu venho por bem
Se formos bebendo
O chão deste caminho
Vou guardar-te bem
Agora que sei
Que não vou sozinho

Há uma praia depois da sombra
Uma clareira p'ra iluminar
Há um abrigo no meio das ondas
Tu a caminho p'ra iluminar

Por isso vem..."

:)

P.S.-Começo a desesperar com o facto de não conseguir introduzir vídeos!!!

Mais riscos

E, dentro em breve, novos riscos surgirão neste corpinho. :)

Ácaros e outros bichos

Sábado, na residência Mousinho e Veiga, é sinónimo de limpeza. Não que seja uma actividade muito apreciada ou realizada com o coração repleto júbilo, mas tem que ser feita.
Portanto, entre panos do pó, Pronto (pode ser que leiam o blog e ainda receba um patrocínio), óleo de cedro, aspiradores, lixívia e um sem-fim de outros químicos criados com o simples propósito de exterminar todos os bicharocos alguma vez vistos, limpámos a casa!
Não somos obcecadas pela limpeza mas gostamos duma casa limpa - por vezes, as visitas questionam-se se o pó só cresce na nossa casa porque a Manuela (Dimitri, como para sempre será conhecida após a fatídica passagem de ano em Vila Nova de Milfontes) anda sempre com um pano na mão.

Enfim, sábados de limpeza, uma tradição viva desde 1986 - pelo menos para mim!


P.S.-Dois momentos a reter sobre a passagem de ano em Vila Nova de Milfontes: a cara da Nela quando visitou, pela primeira vez, a casa e eu, em plena caixa multibanco, gritando com todo o meu ser! Enfim, a adolescência faz destas coisas. Não se explicam nem se compreendem todos os actos mas aceitam-se!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

No buraco do pomar...

E no meio do Alentejo, bem longe da minha localidade, descobri um grupo de pessoas fantásticas. Sim, às vezes estas coisas acontecem e somos apanhados de surpresa, uma boa surpresa, conclua-se!
São pessoas com passados diferentes do meu, com histórias de vida incríveis e que me ensinaram muito sobre o Mundo em que vivemos.

Quando digo que os nossos governantes não fazem a mais pequena ideia do que se passa no Alentejo, falo exactamente disto. De pequenas vilas onde vivem pessoas tão "ricas" por dentro, tão receptivas a novos costumes, prontas a aprender, dispostas a crescer. Nunca vivi numa grande cidade, mas o sorriso caloroso e a recepção que estes adultos me fizeram, foi algo emocionante e que duvido aconteça no meio do burburinho da grande cidade.

Gosto do Alentejo. Gosto das pessoas que vivem no Alentejo, que cresceram com as tradições dos antepassados, que sabem os costumes e as mezinhas, que conhecem o campo, que cuidam dos animais. São pessoas felizes, bem-dispostas e que nos recebem com o coração aberto.

Ao longo da minha curta "carreira", sempre valorizei a aprendizagem mútua. Eu posso ter um conhecimento teórico, eles tem um conhecimento prático da vida. Por isso, não me importo de ficar depois das aulas a falar com os meus alunos porque com eles já aprendi tanta coisa. As pessoas ensinam-nos, se estivermos dispostos a aprender.

Graças aos vários alunos que já tive consegui aprender como se cultiva um campo, como se conduz um tractor, como se constrói uma casa, como se veste um morto, como se pinta correctamente uma parede, como se medem os diabetes a idosos, como se muda um pneu a um carro, como se faz a separação do lixo, como se vive numa casa sem electricidade, entre tantas outras coisas.
Apesar de ter aprendido imenso com os mais novos, sinto sempre que venho um pouco mais "rica" para casa, depois de aulas com os adultos. Sou uma jovem, ainda não vivi nem metade do que muitos dos meus alunos viveram, talvez nunca venha a viver, mas se pudesse, passava dias a falar com estas pessoas, a escrever livros sobre as suas vidas, a mostrar ao mundo que aqui, "no fim do mundo", também há pessoas válidas, sábias e dispostas a melhorar o mundo.
Como não posso fazer isto da vida, vou preenchendo a minha vida com pequenos momentos de troca de experiências. Eles tentam perceber o que eu penso, eu tento explicar-lhes o meu mundo, eles tentam ensinar-me como se vive no mundo deles.

Destes companheiros de "férias de verão" vou ter muitas saudades! E talvez por isso ontem tenha falado com eles em Português, para que nos sentíssemos um pouco mais próximos, para que partilhássemos a mesma língua, o mesmo ritmo. E quem diria que eu ainda seria assim tão lamechas?

Vou ter saudades dos bolos de chocolate, das piadas do casalinho, das histórias de espíritos, das gargalhadas, de os ouvir dizer "não escreva mais, Patrícia" e de falar com eles.
Porque "a falar é que agente se entende", já diziam correctamente os meus antepassados.

E fica a promessa de falar SEMPRE com eles em Espanhol, pelos vistos fico mais bonita a falar em Espanhol :)

P.S.-Fica, também, a promessa de ir passar uma semana no Monte dos meus alunos para experimentar uma forma mais ecológica de viver.
um obrigada do tamanho do mundo e um bem-haja para todos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

It's like iraquing, it's bombaitttttttttttttttiiiiiiiing...

Se querem experimentar como é viver no Iraque, desloquem-se à minha humilde moradia. Não defraudamos expectativas.

Da loucura e afins

"Há loucuras que nem um comprimido consegue curar"

Sempre fui uma criança alegre. Aquele tipo de criança que sabe sempre uma piada engraçada, que entretém os outros e que presenteia os que a rodeiam com um sorriso. Sempre fui uma criança simpática e, um pouco, a "palhacinha" lá do sítio...
Mas todos crescemos. E, por vezes, aquilo que tomávamos como garantido, modifica-se radicalmente. Não me recordo do dia exacto em que tudo mudou, não posso especificar o momento quando senti a mudança e, por muito que me esforce, não consigo identificar o problema. Mudei... Assim, dum dia para o outro, como uma nuvem que agora está aqui e passado umas horas foi-se embora com o vento. Não houve trauma, não houve drama, só e apenas aquela, por vezes, desconcertante mudança.
As pessoas estranharam o silêncio, o isolamento, a súbita vontade de ficar calada vinda duma criança que sempre tinha querido falar. Aprendi a gostar do silêncio. Acho que até então não ouvia as pessoas, elas eram apenas uma plataforma para a minha própria expressão. Eu "usava" as pessoas para ser vista, para ser ouvida, para ser "notada".
Talvez por volta do secundário me tenha tornado essa pessoa mais recatada. Continuava a não medir as palavras quando falava - erro crasso, como muitas vezes a minha mãe me informou -, mas a vontade de falar tinha sofrido um corte tão grande! Temi muitas vezes este isolamento. Só quem não conhece a minha mente pode achar boa ideia eu ficar horas sozinha com os meus pensamentos. Sou algo entre Spielberg e Coppola, um ser que imagina mais do que deveria e que sofre mais com essa imaginação do que seria recomendável.
O silêncio chegou e com ele a selecção dos amigos, a vontade de não sair com muita gente e a relação cada vez mais próxima com os livros. Agarrei-me aos poucos amigos, sempre fiéis e presentes, e fui caminhando. Todos caminhamos, independentemente do caminho e eu também o fiz.
Recordo-me de dizer imensas vezes à I. que as palavras tinham um peso e um valor impensável e que não as devíamos proferir de ânimo leve. As palavras ferem, magoam, por vezes, matam.
Um dia, no meio do isolamento e da vontade de me encontrar, perdi-me. Fantástico esta forma que o Mundo tem de funcionar... Começou a loucura, aquela dura e desgastante - por vezes asfixiante - loucura. Recordo com nostalgia (porque a loucura no início mascara-se duma coisa tão fantástica, tão única, tão viciante) das madrugadas no Pocinho, dos inúmeros textos e de como conseguia ter deduções geniais (achava eu!) sobre os mais variados assuntos.
A principio, esconder, depois, sobreviver a ela! Nem tudo é linear, nem sempre as coisas são "brancas" ou "pretas" e, no meio desse período tão mau da minha vida, descobri o cinzento.
Foram meses de preocupação, foram dias de angústia para a minha família, foram confissões chorosas que fiz aos meus amigos mais próximos... Uns tentaram proteger-me, outros não sabiam como lidar com tudo aquilo. Eu já não era EU e eles desconfiavam, e bem, que tão cedo não voltariam a ver essa Patrícia que tinham aprendido a amar, a compreender. As pessoas mudam e todos nós temos um medo imenso da mudança.
Bati lá no fundinho, naquele fundo que todos tememos, naquele fundo que nos faz repensar a nossa vida, naquele fundo que nos muda o olhar e nos tira o fôlego. Bati nesse fundo e bati com tanta força que doeu.
Espalhei dor e sofrimento ao meu redor sem sequer me aperceber. E um dia chegou a consulta. Uma e outra. Palavras de esperança atiradas para uns ouvidos que não queriam ser reconfortados. Recordo-me do médico em Lisboa e de como achava que tudo aquilo era útil, mas não para mim!
E depois o Dr.J.H. chegou. E notei, pela primeira vez, que tudo aquilo era sério, perigoso.
Houve lágrimas e ranho, e demais coisas. Sessões intermináveis e uma consciência aguda, desde o primeiro aperto de mãos, que nada voltaria a ser como dantes. E a vida não mudou, aprendi a sobreviver, a "respirar debaixo de água" e a combater.

Poucas pessoas conseguiram salvar-me desta forma. Ainda hoje sinto que se tivesse ido um mês mais tarde, talvez não tivesse recuperado a normalidade da qual hoje usufruo. Houve qualquer coisa de fantástico naquelas sessões. No entanto, hoje não consigo encará-lo com a mesma normalidade. Admiti todas as minhas fraquezas naquele consultório. A primeira vez que atravessei aquela porta estava um farrapo humano... E sempre que ocupo aquele espaço, sinto o gostinho amargo que fica.

Ainda hoje tenho medo. Ainda hoje tenho tão presente o fundo do poço que, por vezes, quase que sinto as "nódoas negras". Mas caminhamos, é isso que nos dizem para fazermos quando somos pequeninos e é isso que fazemos uma vida inteira... Caminhamos! Podemos não saber o caminho, podemos nem gostar do caminho, mas caminhamos porque estar parado implica olhar para o que está errado e isso, por vezes, magoa tanto. 
Caminhamos e esperamos encontrar, um dia, aquela paz que leva os medos para longe. Dizem que vem com a idade, com a sabedoria da idade... Eu cá a espero!

P.S.- Para todos aqueles que tiveram que me ver no limite, para todos os que obriguei a baixarem os pés quando estavam numa conversa comigo, para todos os que me trataram como uma criança e me deram o mimo necessário para sobreviver, obrigada.

Rafaela

Uma criança é sempre uma bênção. É um novo ser, puro e cheio de possibilidades que vem ao Mundo. Na nossa família sentimo-nos sempre abençoados quando nasce um novo ser. Somos aquela típica família que faz fila à porta da maternidade no dia do parto, que se delicia quando entra numa loja de roupa para bebés e que se une, nos bons e nos maus momentos, para tornar a vida dessa criança o mais feliz possível.
Somos todos "padrinhos", "madrinhas", "tios" e "tias", mesmo que não haja laço de sangue ou que o título não seja nosso mas de outra pessoa. No entanto, uma das coisas que aprendi com a minha mãe é que família não é só a de sangue, essa é que herdamos, a que estimamos. Porém, existem aquelas pessoas cuja vida está tão intrinsecamente ligada à nossa, cuja história se mistura com a nossa e que, por isso, merecem também ser tratados como família. Porque família são aquelas pessoas que se unem, que se ajudam, que são confidentes e cúmplices, as que estão PRESENTES mesmo quando os tempos são difíceis. 
Felizmente, eu tenho uma família assim. Uma família que se junta nas férias, nos feriados, nos aniversários, nos momentos de dor e sofrimento. Por gosto do Manuel Joaquim, juntamo-nos à volta da mesa, é certo! Mas mais importante do que o sítio onde nos juntamos é o facto de não inventarmos desculpas, de gostarmos realmente da companhia uns dos outros e de deixarmos que o amor que nos une fale sempre mais alto.
Por isso, tenho uma madrinha que é insubstituível (ainda estou em dívida com um texto), uma prima emprestada que podia jurar partilha o mesmo sangue que eu e um padrinho que gosta de nós como família.
E estes são os "meus" padrinhos, porque na minha família herdamos os padrinhos e as madrinhas uns dos outros, até chegarmos ao ponto de sermos um todo, um só.
Por isso, Rafaela, prepara-te para férias em Cuba, a FEIRA DA CUBA, muitos beijinhos da família alentejana, uma madrinha - em papel - super querida e que te vai encher de mimos, uma madrinha mais velha que te vai apertar essas bochechas tantas vezes que vais perder a conta e uma madrinha - um pouco mais "fria" - mas que te emprestará todos os livros que tu quiseres, que te levará a ver concertos e que te dirá, vezes e vezes sem conta, "lembras-te daquele vestido lindo com o qual tiraste imensas fotos? Fui eu que te comprei, porque já sabia, mesmo quando ainda estavas na barriga da tua mãe, que ias ser uma menina linda e, por isso, cheia de estilo".
Nós somos assim, uma multidão barulhenta, lamechas mas unida! E esses laços nunca se quebrarão.

P.S.-Rafaela, com o historial de mulheres fortes e independentes na nossa família, temos a certeza que também vais herdar o gene! 


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Oh Ary, se tu visses como isto está...

"Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!"

Clap clap

"The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your loving, your loving behind
You can't carry it with you if you want to survive"

Florence and the machine

Um dia vou conseguir resistir a esta música... Um dia... Hoje danço-a! :)

Isto vai de mal a pior...

Amanhã, se não me sentir totalmente enojada com a política que se faz em Portugal, tentarei escrever um post sobre POLÍTICA (uuuuuuuuhhhhhh ME-DO!)

Into the wild

"I read somewhere... how important it is in life not necessarily to be strong... but to feel strong."

A viagem de Casey Abrams

"I want to know, have you ever seen the rain?
I want to know, have you ever seen the rain?
Comin' down on a sunny day" 
(Conheço alguém que também gosta muiiiito destes senhores :P)


"I put a spell on you
Because you're mine
You're mine"
(A Nina cantava que se fartava :) )


"I said Georgia,
Oh Georgia, no peace I find
Just an old sweet song
Keeps Georgia on my mind"
(O que eu chorei quando vi o filme... Os tormentos que ele escondia!)



"Oh, I get by with a little help from my friends,
Mm, I get high with a little help from my friends,
Mm, Gonna try with a little help from my friends."
(Estes senhores mudaram tudo. Há um antes e um depois...)

E por fim...

"With the lights out it's less dangerous
Here we are now entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now entertain us"
(Porque, por vezes, a genialidade pode ser um fardo)

O Sr. Abrams cantou TUDO ISTO duma forma fantástica! :)



P.S.-uma vez mais, esta mensagem seria tão mais interessante com vídeos (acho que vou pedir que um sr. do blogger venha cá a casa!)

Hoje é dia de mudar o mundo

Porque todos precisamos de felicidade nas nossas vidas...
Porque um dia vamos perceber que não são as "coisas" que nos fazem felizes, mas sim, as pessoas e os momentos:

http://www.actionforhappiness.org/

Ainda de volta das notícias

Duas notícias ligadas ao mundo da música e outra ligada ao mundo do cinema - uau as artes estão em alta nos jornais!!!!

"Simon and Garfunkel tocaram no Central Park há 30 anos"

Porque adoro esta música:
"I'm on your side
When times get rough
And friends just can't be found
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down"

Bridge Over Troubled Water

E a sorte que temos quando encontramos a nossa "bridge over troubled water" :)

"Documentário sobre Pearl Jam nos cinemas"

Não me recordo da primeira vez que ouvi Pearl Jam mas recordo-me da tristeza que senti quando não pude ir ao concerto que deram no Optimus Alive.
Recordo-me de ser adolescente e ouvir a Black repetitivamente ao longo do dia.
Recordo-me de achar que era super fã dos Pearl até ao dia em que ouvi a OST do "Into the wild" e, de repente, percebi que o que eu adoro MESMO é a voz do Eddie. Acho que até ia gostar se ele cantasse as "pombinhas da Cat'rina!" 
Agora que falo nisso, saudades de ver o Into the wild... Qualquer dia compro um monte e digo "não" à sociedade consumista (já sinto saudades do Mac, só de pensar nisso).


"Lisboa & Estoril Film Festival - 4 a 13 de Novembro"
Qualquer festival que inclua Almodóvar parece-me bem! Sendo que vai exibir o "Melancholia", do Lars Von Trier, que tentei ver um Verão inteiro, parece-me uma boa "desculpa" para pegar no Panda e ir até às bandas da capital!



P.S.-E esta mensagem seria muito mais interessante se eu conseguisse introduzir vídeos do youtube! GRRRR novas tecnologias, não irão vencer!!!!!!!!!

O dia de hoje

Todos os dias analiso minuciosamente os jornais Expresso e Público e a revista Visão. Não sou uma "news freak" mas gosto de me manter informada e, se tenho a possibilidade de o fazer apenas a um clique de distância, há que aproveitar.
Hoje deixo aqui uma pequena análise da notícia que mais me marcou:

"Sida, nova vacina poderá estar disponível em dois anos"

Os meus amigos de secundário nunca compreenderam a aversão que tinha pelas drogas, por mais "normais" que fossem. Nunca aceitei bem o tabaco, o álcool e o café (apesar de ter sido uma consumidora compulsiva deste último em tempos idos) e tinha um medo enorme das outras drogas. Nunca fumei um charro na minha vida e sempre temi pelos meus amigos que o faziam. A juventude chamar-me-á estúpida, retrógrada e "betinha". Não o sou, nunca fui. No entanto, na minha família já sofremos muito com essas coisas tão "banais", como a maioria dirá.
Tenho três tios do meu lado materno, todos mais velhos do que a minha mãe - a diferença de idades é gritante. Cada um "perdeu", momentaneamente ou eternamente, um filho para as drogas. Não se iludam, ninguém começa a "mandar para a veia". Nunca ninguém acha que vai ficar viciado. Aquilo não "faz bem à saúde". Aquilo não é um "produto natural". Os outros chamam-me antiquada mas até testemunharem um familiar vosso a ressacar, nunca poderão compreender a revolta.
Dois dos primos que "perdemos" para a droga nunca foram muito chegados. Contudo, assisti à luta de um pai que usou todos os meios ao seu alcance para salvar a sua filha, assisti a uma irmã que teve que passar de tia a mãe para que a sobrinha tivesse uma infância (algo tão banal como isto, ter uma infância normal, sem dramas de adições), assisti ao sofrimento de uma mãe quando perdeu um filho e à luta diária que trava para se manter ocupada, para não se lembrar desse vazio que fica quando se perde um filho para as seringas e para o vício.
Se nunca fui muito próxima destes primos, o meu não aconteceu com o meu primo R. Esse fez parte da nossa infância. Tanto o meu primo R. como o meu primo J. passavam os Verões cá em casa. Recordo-me de brincar com ele, de como o meu mano adorava o primo R., que tinha uma colecção fantástica de filmes de terror, e recordo-me, infelizmente, dos primeiros sinais.
Fomos "clínica de desintoxicação" quando ele precisou, a minha mãe foi psicóloga/médica/assistente social daquela família e chegámos a perdê-lo, durante meses, para uma prisão no Montijo. Não, não foi algo fácil, algo "leve" ou que se esqueça. São pessoas que nos são queridas e que agora vemos limitadas, física e psicologicamente.
Era um jovem, com um coração fantástico, que se perdeu. Às vezes as coisas são tão simples e lineares como isto: uma escolha mal feita. Vendeu o que tinha em casa para consumir, "consumiu" o espírito duma mãe sempre alegre mas, no entanto, no meio de tantos caminhos errados e escolhas incorrectas, conseguiu, porque Deus encarrega-se de equilibrar sempre o Mundo, criar um ser fantástico e que nós adoramos com todo o nosso coração: o meu pequenino!
Custa ver o nosso primo naquele estado, custa passar por ele de carro e ele não nos reconhecer (ainda me dói quando penso no meu pai a dizer-lhe: "R., é a Patrícia, não a reconheces?") e custa, mais do que alguém possa um dia imaginar, ter medo da doença, deixar que esse medo tome conta da nossa cabeça, deixar que eles nos afaste porque sentimos que se ficássemos por perto iríamos à loucura. Dói ser frágil e fraca a este ponto... Dói e é um arrependimento que carregamos diariamente e pelo qual pedimos perdão vezes e vezes sem conta.
Nenhum deles era "má pessoa", não o mereciam (como ninguém merece), foi toda uma família afectada, uma geração arrastada para esse flagelo (como já dizia a mãe dum amigo meu), foi todo um pesadelo que desabou sobre as nossas cabeças.

Agora sobrevivemos, tentamos que as memórias do passado não nos martirizem no presente. Não é uma missão fácil, até porque, em alguns casos temos a imagem física, que nos relembra diariamente. Mas somos assim, feitos desta "massa", desta resistência...

E os meus tios? Foram pais excepcionais. A minha mãe foi uma tia sempre presente, um apoio indispensável e uma fonte de amor incondicional... No entanto, fica sempre aquele "gostinho amargo" de termos perdido aquelas pessoas, ainda que não definitivamente, para aquele mundo.
Não, não sou "betinha" ou melodramática. Nem todos caem, nem todos se viciam, nem todos morrem... Mas nós não temos "a lista" onde estão escritos esses nomes, nós não sabemos, por isso, mais vale não arriscar.

São estas coisas que nos marcam, que nos moldam. Não, não olhamos o mundo com a mesma leveza, não aceitamos um charro só porque é fixe ou porque todos o fazem... Essa leveza custa, em muitos casos, a vida.

Por isso, esta vacina soa-me a esperança, a liberdade e a um novo caminho... Não gosto de dizer "já vem tarde" porque "mais vale tarde do que nunca"... Que venha e que salve muitas pessoas!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saudades de correr essas estradas

Durante um ano, passeei por essas estradas.
Durante um ano passei metade do meu dia dentro do meu Panda.
Durante um ano habituei-me a conduzir com chuva e com sol (difícil de tolerar devido à ausência de AC neste fantástico veículo).
Durante um ano tive que "aturar" obras na estrada, rotundas que mudavam de semana para semana e muitas apitadelas devido à péssima condução que pratico.
Durante um ano metade das minhas conversas telefónicas foram feitas a partir do meu carro. Durante um ano, metade das minhas refeições foram ingeridas dentro dessa viatura.

Tive conversas com amigos, momentos fofinhos, viagens longas, viagens curtas e demais aventuras.

Durante um ano, perdi a conta dos litros de gasóleo que o meu pandinha bebeu (Já devo ser sócia maioritária da GALP)
Durante um ano, o meu coração sofreu cada vez que o deixei à porta do mecânico.
Durante um ano, estreitei os laços com o meu carro.

Dizem as vozes sábias que o carro, na realidade, não é meu. O carro é e sempre será dos meus pais - a minha mãe ainda hoje sente saudades do seu Panda. Contudo, desde que tirei a carta (essa grande Odisseia!!!!) este tem sido o MEU carro, as minhas pernas, o meu companheiro de muitos kms.
Não, não estou sendo saudosista em relação a um automóvel. No entanto, aqueles que já tiveram um carro durante muito tempo, ou que pelo menos fizeram muitos kms no mesmo carro, sabem do que falo. É uma sensação de segurança, um conhecimento tão profundo do veículo, um reconhecer de todos os sons, por mais pequeninos que sejam... É isso que sinto pelo meu Pandinha. Verdade seja dita, já merecia uma reforma, no entanto, mais do que a questão económica, o que me leva a preservar o meu Panda é o facto de ter APRENDIDO a conduzir nele. Ninguém aprende a conduzir com 30 lições, NEM COM 200! Aprendemos a conduzir quando ao nosso lado já não está um instrutor com pedais pronto a corrigir os nossos erros. Aprendemos a conduzir quando damos por nós sozinhos numa cidade estranha.
As pessoas da minha vida aprenderam a reconhecer o Panda, decoraram a matrícula, gostam de o conduzir...

Ainda hoje me recordo da primeira vez que deixei o meu carro ir abaixo, na rotunda de Beja, logo pela manhã, ou seja, quando há mais movimento. O meu Panda estava lá e não me deixou mal, pegou, arrancou e prometeu-me que se eu não voltasse a ser "burrinha" em relação aos pedais, não voltava a ir abaixo.

Um dia o Panda vai parar... Que seja num futuro longínquo.


P.S.- Vamos lá a ver como se safa o Pandinha na inspecção :S

A importância do Pax

Sempre gostei de teatro. Recordo-me de ser jovem e acreditar que o meu futuro passaria, sem sombra de dúvida, por uma carreira nos palcos. Com uma curta carreira - um ano de OED no secundário - rapidamente essa esperança desapareceu e ficou apenas o gosto pelas artes cénicas/performativas.
Gosto de teatro e gosto de cinema. Não concordo que a maioria da produção cultural esteja confinada à capital, valorizo o tremendo esforço que uma companhia tem que fazer para se deslocar às zonas mais isoladas e aplaudo de pé o esforço das companhias amadoras, que sobrevivem quase sem meios e movidos, muitas vezes, apenas pela vontade de criar algo novo, de não deixar morrer o espírito criativo aqui nestas bandas.
A cultura no nosso país nunca foi muito valorizada. Não se deposita num banco, não a podemos guardar na carteira e isso, para a maioria dos nossos governantes, é o bastante para não lhe darem a devida atenção.
Contudo, o que nos escapa enquanto país é que nunca seremos desenvolvidos enquanto não apostarmos na cultura, no ensino. A cultura - algo tão abstracto e tão palpável ao mesmo tempo - é o que torna um povo rico, esclarecido, evoluído.

Conheço uma professora que desde que começou a dar aulas no agrupamento onde lecciona faz questão de levar os seus alunos a assistirem a peças com adaptações das obras literárias que irão estudar. Assim se mudam mentalidades, assim se educam os jovens, assim se mudam costumes... Mas isso já é outra história!

Só eu sei o que me custa quando oiço os jovens dizerem que no Alentejo não acontece nada, que se querem ver teatro ou cinema de qualidade têm que ir a Lisboa (Será que todas as pessoas que vivem em Lisboa vão TODAS AS SEMANAS ao teatro? Duvido...) Certo é que na capital existe o triplo (para não dizer mais) da oferta cultural que existe em Beja, por exemplo. Contudo, cabe a esses jovens levantarem o rabiosque do sofá e irem até ao Pax, à biblioteca, à casa da cultura. As iniciativas existem, também temos mentes pensantes e criativas no Alentejo, simplesmente ninguém tem esse hábito. Se estiverem em Lisboa até parece mal não dar um saltinho a um museu ou ao D.Maria, mas se estiverem em Beja, as ofertas são tantas que já não parece mal não ir.
Minha gente, a parte boa desta questão é que os hábitos adquirem-se, mudam-se, especialmente se forem para melhor.

Recomendo que vão, nem que seja uma vez, que experimentem, que tentem descobrir do que gostam, do que não gostam. Têm ciclos de cinema, têm peças de teatro, têm espectáculos musicais, bailados... Peço apenas que olhem para os artistas que pisaram este palco no ano passado e que me digam, se forem capazes, se não foi um ano fantástico a nível cultural!
E depois, se não gostarem, o que eu duvido seriamente, têm sempre aquele bar que fica ali numa esquina em frente e que só abre um pouco depois do Pax fechar. Afinal, já dizia o outro, "há tempo para tudo!"

Eu "arrasto" as pessoas que me são queridas para aquele espaço e acho que nunca o abandonaram com o sentimento de "tempo perdido a olhar para as paredes".
Até o meu pequenino já foi ao Pax e gostou, por isso, se uma criança de seis anos gosta, vocês também irão gostar, não?

Alguns dos momentos mais marcantes dos últimos tempos:
* Sassetti (e os nossos vizinhos que estavam a vibrar com o concerto)
* Pedro Abrunhosa (o senhor torna-se surreal em palco)
* "Carteiro Paulo" (porque foi com o meu pequenino!)
* Martina Topley Bird (e pensar que ia perdendo este concerto por estar agarrada a um hambúrguer do Mac, felizmente, o meu salvador arrastou-me para fora do carro)
* "Blackbird"
* "José e Pilar" (apesar de estar tremendamente doente nesse dia)
* "O concerto"
* António Zambujo (ou angry birds)
* "O segredo dos seus olhos"
* Tiago Bettencourt
* "Adorável criatura" (dos melhores monólogos de sempre!)
* "Duas irmãs" (sei que a meio da peça proferiram uma frase simplesmente fenomenal e arrependi-me de não ter levado a minha agenda para a apontar)

And so on...

P.S.- Um aplauso também para a equipa do Pax que continua, apesar de tudo, a lutar por uma aposta cultural digna do nosso alentejo.
P.S.2- Ando com um azar com a Olga, sempre que tento ir ver os espectáculos da senhora, nunca consigo. Da última vez, a frustação foi tanta que fiz birra em pleno centro histórico da cidade de Beja. Felizmente, há uma pessoa com paciência para as minhas birras :)

Saramago

"Usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida, que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo, que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais, que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante."

Hoje e sempre, Saramago!

MLK

"Nonviolence is the answer to the crucial political and moral questions of our time — the need for mankind to overcome oppression and violence without resorting to violence and oppression." MLK

Sou uma pessoa que gosta de sonhar e, por isso, homenageio no meu blog um dos grandes sonhadores que este mundo possuiu...




Há sonhos que nunca se concretizarão:
* Nunca poderei ouvir um discurso em tempo real do Martin Luther King;
* Nunca poderei mudar o mundo com o simples poder da palavra;
* Nunca viverei num mundo sem guerra;
* Nunca poderei acabar com a fome no mundo;
* Nunca poderei acreditar totalmente na Humanidade..

Ainda relembrando os Emmys

"We live in an era of tremendous dishonesty where people, even nice people, will say things they know are not true because they want to be perceived as someone who thinks they are true. But I think this is dangerous. I think personal dishonesty in a society is as dangerous as it is in an individual. For most of us the biggest journey in life, and certainly the toughest journey, is towards self-knowledge." Julian Fellowes


Sempre achei que os ingleses detinham um poder diferente sobre as palavras. As pausas que usam, a forma como escolhem sempre o adjectivo ideal... Há qualquer coisa também naquele sotaque nos prende a atenção. Mas depois ouvimos um discurso como o do Julian Fellowes e percebemos que, na realidade, é toda uma perspectiva de vida que se afasta da nossa... Nunca poderemos ser ingleses, ou nórdicos, somos mediterrânicos até ao tutano, contudo, não faz mal "invejar" um pouco essa forma tão filosófica e clarividente de encarar o mundo!

And the emmy goes to...


"You just have to keep trying to do good work, and hope that it leads to more good work. I want to look back on my career and be proud of the work, and be proud that I tried everything. Yes, I want to look back and know that I was terrible at a variety of things." Jon Stewart

Quando se faz um bom trabalho, as recompensas acabam sempre por chegar.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os medos de infância

Recordo-me de ser pequenina e ter um medo terrível da noite... Há medos que nunca desaparecem! Com isto dito, acho que está na hora de ir dormir!


P.S.- Só quando li a Aparição é que encontrei a justificação para o medo do escuro. E foi também graças à literatura que descobri que todos os medos têm uma justificação.

América Latina e a mega-viagem

Sempre sonhei em viajar pela América Latina. Quando partilho esta minha ideia, muitas são as vozes que se insurgem dizendo que eu não faço a mínima ideia do que se passa na América Latina, que tenho uma imagem bastante utópica "lá do sítio" e que a cada esquina está um ditador à minha espera, empunhando uma arma.
Acredito que a minha imagem possa não ser a mais real - quiçá por ter lido demasiados livros sobre a aquela América tão diferente, tão surreal, tão mística - contudo, eu prefiro continuar a sonhar... Sonho com aquelas gentes diferentes, com aquelas tradições tão "naturais" e com aqueles caminhos por desbravar. Sonho em pegar numa mota e correr aquele continente duma ponta à outra, ou pelo menos, a parte não americana (leia-se Estados Unidos). Sou uma pessoa que gosta de falar com outros, de conhecer as suas histórias, aprender os seus hábitos, partilhar dos seus costumes.
E sim, pode estar um ditador a cada esquina mas está uma esperança renovada em cada paisagem, um sonho por concretizar em cada árvore e um sem-fim de possibilidades à nossa espera quando olhamos para aquele horizonte.
Um dia, quando me sair o Euromilhões, e porque continuo a acreditar que noutra vida vivi na América do meu Sepúlveda, voo até lá e desbravo aqueles caminhos!

Um dia vou fazer isto...

Mário

Ainda me lembro da felicidade que senti quando o Mário aprendeu a andar de bicicleta comigo!

As pessoas são especiais pela forma como mantêm a inocência perante a vida, mesmo quando são forçados a carregar um fardo pesadíssimo!

Um mundo de livros...


Sempre fui uma pessoa de livros. Não me recordo da primeira vez que li um livro mas sempre que algo de importante aconteceu na minha vida, recordo-me do livro que acompanhou esse momento. Deixei de ter medo do escuro graças a um livro (vá, ainda tenho um bocadinho...), aprendi a importância das relações humanas através de VÁRIOS livros e são sempre a minha prenda de eleição. Não os ofereço de forma leviana nem compro os últimos hits das prateleiras. Escolho-os, conheço-os, tento perceber se vão de encontro às perguntas que as pessoas estão a colocar naquele momento - os livros devem ser úteis, ensinar-nos algo! 

Tenho livros espalhados por este mundo e sinto-me feliz com isso. Nunca fui pessoa de amordaçar os livros numa "prateleira lá de casa". Não me sinto mais rica por possuir um livro (se bem que se a Duquesa de Alba me quisesse oferecer a primeira edição do Quijote, não me importava de o trancar no meu quarto!) e acredito que os livros enriquecem-nos quando os lemos, não quando os possuímos fisicamente. 

Não consigo ler quando estou demasiado triste ou pensativa, não estou concentrada o suficiente para absorver tooooooooooodas as palavras e os seus mais diversos significados. Por isso, espero que o corpo me peça, que a disponibilidade seja total, só assim conseguimos apreender a sua mensagem. 

Recordo-me da adolescência e de ler os livros num "ai". Agora sou uma leitora mais selectiva. Só leio o que quero, já tenho os meus autores preferidos, no entanto, continuo a ficar feliz e emocionada quando descubro um autor novo e me comovo com as suas palavras.

Sempre fui dos livros mais do que de outra coisa qualquer, do que qualquer actividade física ou social. E sou dos livros em papel, com cheiro a papel, com os cantos dobrados e as capas estragadas. Não os destruo de propósito mas, quando termino de ler um livro, se o emprestar, as pessoas conseguem perceber que passei por ali. Imaginei personagens, criei fins alternativos, chorei com histórias de amor e retirei ensinamentos para a vida... Tudo entre as capas dos vários livros. 

Adoro quando vou às compras e regresso com um saco cheio de livros, adoro o ar de felicidade que o sr. da feira do livro lá da prainha faz quando me vê chegar e adoro conhecer-me um pouco melhor no fim de cada livro.

Sou uma pessoa de palavras, de páginas, de histórias e da história por detrás dessa história. Por vezes, conheço os autores, algo que nunca fiz muita questão. Os autores, na minha mente, estão numa espécie de universo paralelo, não os quero "manchar" com a minha normalidade. Eu sei, no fundo do meu ser, que são pessoas de carne e osso, como eu e os demais, mas ajudaram-me a viver, a respirar, a crescer e isso é algo que os eleva a outro patamar.

Gosto de livros, mais do que determinadas pessoas e creio que o meu mundo seria muito mais linear se não tivesse lido tanto na minha infância. E afinal de contas, quem é que quer viver num mundo linear?

Um dia, na minha casa ideal, no meu futuro ideal (e porque acredito na força dos sonhos) terei uma sala a transbordar de livros, que vou emprestando e que vão ganhando vida própria noutras mãos. Um dia, poderei dedicar-me exclusivamente à leitura dos livros e das suas histórias. Um dia, serei "a rapariga que amava os livros demasiado" e que por isso criou uma biblioteca universal... Um dia...

P.S.- Ainda hoje me recordo do que chorei quando o Afonso morreu. Os seres são tão mais perfeitos nos livros, mesmo que repletos de imperfeições.

Figas

Hoje é dia de figas!

domingo, 18 de setembro de 2011

Elizabethtown

"I don't know a lot about everything, but I do know a lot about the part of everything that I know, which is people."

P.S.- E aquela OST fantástica...

Domingos

Os domingos vêm sempre carregados de melancolia e inércia...

sábado, 17 de setembro de 2011

Mumy

"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."
 
Todos temos heróis, pessoas que veneramos, que olhamos com respeito e carinho e com os quais queremos ser comparados quando formos grandes. Há quem os procure nas páginas dos livros, em grandes lideres do mundo, em actores de cinema ou até mesmo em cantores... Eu tenho a minha em casa: a minha mãe! Sei que parece banal ou corriqueiro mas é difícil "bater" a minha mãe nesta coisa de ser herói.
Sempre gostei de homenagear as pessoas que conseguem ser excelentes seres humanos, no Mundo em que vivemos isso é uma tarefa tão difícil que merece um Nobel quem o consegue. Por isso, senti necessidade de escrever este texto, ainda que ela nunca o venha a ler, ainda que seja só para o ciberespaço...
A história começou no ido ano de 1959. Nasceu numa sexta-feira treze, contudo, isso não foi, de todo, sinónimo de azar para o Mundo, pelo contrário. Desde cedo herdou aquele carácter altruísta que a minha avó Manuela possuía e foi uma criança muito amada. Brincava na rua e era a "boneca" que todos estimavam e tentavam agradar. Não cresceu com a "mania das grandezas" e ajudar o próximo era hábito caseiro, portanto, continuou a praticá-lo com naturalidade. No Natal espalha cabazes de Natal, sempre que um vizinho pede ajuda, não a nega e os sobrinhos/irmãos/primos e demais família tem sempre o apoio desta pessoa fantástica. 
Herdou os rituais dos antepassados mas soube actualizar-se e manter-se sempre como um porto-de-abrigo para os amigos, para os vizinhos, para os familiares, para os colegas e para os alunos. Não sabe dizer "não", em 24 anos nunca a ouvi negar ajuda a quem precisa. Caminha por essas estradas de Portugal sempre que alguém lhe telefona pedindo ajuda. O dinheiro, apesar de não ser algo abundante, é dado sem esperar reembolso. Os alunos encontram nela uma confidente, uma amiga e alguém que lhes ensina mais do que a teoria que vem nos livros, ensina-lhes o que é a vida, a serem melhores seres-humanos.
É, acima de tudo, MÃE! A vida nem sempre foi feliz, sofreu privações, desgostos, perdeu pessoas que amava e viu partir sonhos antes de poderem ser concretizados. Contudo, nunca deixou o coração endurecer, nunca se entregou ao rancor ou ao ódio, aprendeu a perdoar os inimigos, ainda que estes não o merecessem. Grita, tem "queda para o drama" (como gostamos de dizer cá em casa) mas ama-nos, duma maneira incondicional, perfeita, como pouca gente consegue.
Adoro quando ela diz que tem orgulho em mim - ainda que os motivos para tal sejam poucos -, adoro quando a vejo feliz e o meu coração perde um pouco da esperança que tenho no Mundo quando alguém a magoa, quando a vejo chorar.
Passou por períodos de grande sofrimento, mais do que a maioria das pessoas conseguiria aguentar, e sobreviveu. Sobreviveu porque é isso que faz, continua a luta, não desiste, não baixa os braços: é amiga dos seus amigos, cidadã exemplar, profissional dedicada e mãe extremosa.
Por vezes guerreamos, gritamos - há quem diga que somos demasiado parecidas -, contudo, amo-a com todo o meu ser e gostaria de um dia conseguir ser como ela!