quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Da idade e outras maleitas

Durante toda a nossa vida lutamos contra o tempo. É uma luta inglória, na maioria dos casos, e sentimos que perdemos todos os dias um pouco da nossa energia sem que cheguemos a algum lado. 
Lutar contra o tempo, numa primeira fase, traz alguma adrenalina- vamos ficar "grandes", vamos tornar-nos adultos e ter todas aqueles benefícios que estupidamente achamos, quando somos crianças, que os adultos têm. Mas com o passar dos anos apercebemo-nos que ser adulto não é assim tão "fixe", que o facto de termos carta de condução não é algo tão surreal e que ter contas para pagar e responsabilidades não é algo que nos faça felizes!

Hoje, pela primeira vez na minha vida, senti-me velha. Não o sou, bem sei, mas senti-me. Senti-me cansada, exausta e com vontade de me sentar e ver simplesmente o tempo passar. Que não se exaltem as vozes defensoras dos séniores activos; eu senti-me como se o corpo não aguentasse mas embates. A verdade é que andamos uma vida inteira a levar puxões e empurrões da vida, custa muito encontrar caminhos viáveis e, muitas vezes, para os encontrarmos temos que percorrer tantos caminhos errados que até isso cansa!
Eu corri por várias estradas, tentei sempre caminhar quando sentia que estava nos caminhos certos e fechar os olhos e contar até 100 quando percebia que aquele caminho não me traria nenhuma felicidade. 
Fosse a linha que os diferencia assim tão visível...

Hoje, pela primeira vez na minha vida, senti-me velha. Senti que as conquistas erradas tinham determinado grande parte da minha vida. Senti que deixei que uma doença parva me condicionasse e senti vergonha de não ter admitido antes a dor psicológica que sentia. Perdeu-se parte de mim nessa viagem e ainda, passados estes anos, estou a analisar os danos.

Hoje, pela primeira vez na minha vida, senti-me velha. Senti necessidade de ter sonhos outra vez, sonhos estúpidos, sonhos infantis, sonhos impossíveis, sonhos como todos temos e que dão alento à vida. 

Mas depois a noite chega e o cansaço caí sobre os nossos ombros e esse velho amigo de outras batalhas, esse Senhor Cansaço, que tratamos como uma presença sempre assídua na nossa vida, leva a melhor.

Talvez o mal seja a falta de optimismo ou talvez seja um cansaço crónico... Falta-me ainda analisar as duas frentes dessa batalha!

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