Durante um ano, passeei por essas estradas.
Durante um ano passei metade do meu dia dentro do meu Panda.
Durante um ano habituei-me a conduzir com chuva e com sol (difícil de tolerar devido à ausência de AC neste fantástico veículo).
Durante um ano tive que "aturar" obras na estrada, rotundas que mudavam de semana para semana e muitas apitadelas devido à péssima condução que pratico.
Durante um ano metade das minhas conversas telefónicas foram feitas a partir do meu carro. Durante um ano, metade das minhas refeições foram ingeridas dentro dessa viatura.
Tive conversas com amigos, momentos fofinhos, viagens longas, viagens curtas e demais aventuras.
Durante um ano, perdi a conta dos litros de gasóleo que o meu pandinha bebeu (Já devo ser sócia maioritária da GALP)
Durante um ano, o meu coração sofreu cada vez que o deixei à porta do mecânico.
Durante um ano, estreitei os laços com o meu carro.
Dizem as vozes sábias que o carro, na realidade, não é meu. O carro é e sempre será dos meus pais - a minha mãe ainda hoje sente saudades do seu Panda. Contudo, desde que tirei a carta (essa grande Odisseia!!!!) este tem sido o MEU carro, as minhas pernas, o meu companheiro de muitos kms.
Não, não estou sendo saudosista em relação a um automóvel. No entanto, aqueles que já tiveram um carro durante muito tempo, ou que pelo menos fizeram muitos kms no mesmo carro, sabem do que falo. É uma sensação de segurança, um conhecimento tão profundo do veículo, um reconhecer de todos os sons, por mais pequeninos que sejam... É isso que sinto pelo meu Pandinha. Verdade seja dita, já merecia uma reforma, no entanto, mais do que a questão económica, o que me leva a preservar o meu Panda é o facto de ter APRENDIDO a conduzir nele. Ninguém aprende a conduzir com 30 lições, NEM COM 200! Aprendemos a conduzir quando ao nosso lado já não está um instrutor com pedais pronto a corrigir os nossos erros. Aprendemos a conduzir quando damos por nós sozinhos numa cidade estranha.
As pessoas da minha vida aprenderam a reconhecer o Panda, decoraram a matrícula, gostam de o conduzir...
Ainda hoje me recordo da primeira vez que deixei o meu carro ir abaixo, na rotunda de Beja, logo pela manhã, ou seja, quando há mais movimento. O meu Panda estava lá e não me deixou mal, pegou, arrancou e prometeu-me que se eu não voltasse a ser "burrinha" em relação aos pedais, não voltava a ir abaixo.
Um dia o Panda vai parar... Que seja num futuro longínquo.
P.S.- Vamos lá a ver como se safa o Pandinha na inspecção :S
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