terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saudades de correr essas estradas

Durante um ano, passeei por essas estradas.
Durante um ano passei metade do meu dia dentro do meu Panda.
Durante um ano habituei-me a conduzir com chuva e com sol (difícil de tolerar devido à ausência de AC neste fantástico veículo).
Durante um ano tive que "aturar" obras na estrada, rotundas que mudavam de semana para semana e muitas apitadelas devido à péssima condução que pratico.
Durante um ano metade das minhas conversas telefónicas foram feitas a partir do meu carro. Durante um ano, metade das minhas refeições foram ingeridas dentro dessa viatura.

Tive conversas com amigos, momentos fofinhos, viagens longas, viagens curtas e demais aventuras.

Durante um ano, perdi a conta dos litros de gasóleo que o meu pandinha bebeu (Já devo ser sócia maioritária da GALP)
Durante um ano, o meu coração sofreu cada vez que o deixei à porta do mecânico.
Durante um ano, estreitei os laços com o meu carro.

Dizem as vozes sábias que o carro, na realidade, não é meu. O carro é e sempre será dos meus pais - a minha mãe ainda hoje sente saudades do seu Panda. Contudo, desde que tirei a carta (essa grande Odisseia!!!!) este tem sido o MEU carro, as minhas pernas, o meu companheiro de muitos kms.
Não, não estou sendo saudosista em relação a um automóvel. No entanto, aqueles que já tiveram um carro durante muito tempo, ou que pelo menos fizeram muitos kms no mesmo carro, sabem do que falo. É uma sensação de segurança, um conhecimento tão profundo do veículo, um reconhecer de todos os sons, por mais pequeninos que sejam... É isso que sinto pelo meu Pandinha. Verdade seja dita, já merecia uma reforma, no entanto, mais do que a questão económica, o que me leva a preservar o meu Panda é o facto de ter APRENDIDO a conduzir nele. Ninguém aprende a conduzir com 30 lições, NEM COM 200! Aprendemos a conduzir quando ao nosso lado já não está um instrutor com pedais pronto a corrigir os nossos erros. Aprendemos a conduzir quando damos por nós sozinhos numa cidade estranha.
As pessoas da minha vida aprenderam a reconhecer o Panda, decoraram a matrícula, gostam de o conduzir...

Ainda hoje me recordo da primeira vez que deixei o meu carro ir abaixo, na rotunda de Beja, logo pela manhã, ou seja, quando há mais movimento. O meu Panda estava lá e não me deixou mal, pegou, arrancou e prometeu-me que se eu não voltasse a ser "burrinha" em relação aos pedais, não voltava a ir abaixo.

Um dia o Panda vai parar... Que seja num futuro longínquo.


P.S.- Vamos lá a ver como se safa o Pandinha na inspecção :S

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