Não sou uma rapariga moderna. Não me recordo nunca de ter sido vanguardista, mesmo que seja essa a imagem que muitos vêem em mim. Gosto de tudo o que tem história, que cheira a antigo, que traz tradição... Chamem-me vintage, velha ou retrógrada... Chamem-me mas depois ouçam esta música e digam que não preferiam viver na altura do Costa do Castelo, quando as noites eram rasgadas à desgarrada dum fado para o outro, quando ser poeta era "ser mais alto", quando cantar era algo que se fazia com o coração nas mãos e não aos gritos mudos no meio duma multidão, quando uma silhueta valia mais que mil rachas, quando o antigo era algo bem visto, quando as noites eram o princípio dos dias e os dias não tinham fim...
Talvez nunca consigamos entender essas almas de outrora. Talvez sempre nos pareçam seres estranhos, que viviam num Mundo tão distante do nosso, numa realidade tão díspar mas é por isso que gosto de passear pelas ruas estreitas da capital, de pisar aquela calçada que já tantos pisaram, de ver aquelas paredes que suportaram o passar dos tempos, as vicissitudes da vida. É por isso que procuro os óculos do avô ou as roupas da avó. Porque talvez nunca tenha nascido com capacidade para ter vinte anos e o meu corpo não saiba como ter vinte anos.
E se pudesse, gostava imenso de ter conhecido a tia Adelaide - mesmo ela sendo um pouco "fria" - e as noites banhadas por música, conversas e eternidade!
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