sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não, não creio no novo Orçamento de Estado

Não, não creio que estas medidas governamentais sejam as correctas.
Não, não creio que um Estado que corta na educação possa vir a ter futuro.
Não, não creio que as pessoas possam confiar num Estado que não dá o exemplo.
Não, não creio que a Função Pública seja a responsável por todos os males do país.
Não, não creio que a Sra. Merkel deva ter um papel tão importante no governo do nosso país quando, há meia dúzia de meses ela, provavelmente, nem sabia onde ficava Portugal.
Não, não creio que alguém que não nos conhece possa opinar sobre as nossas contas e o nosso dinheiro.
Não, não creio que consigamos algum dia olhar para o que somos na realidade, sem a áurea fabulosa do passado ou a ideia estúpida do presente de que fomos talhados para grande feitos.
Não, não creio que um Estado deva ser analisado como um conjunto de números mas sim como um aglomerado de pessoas.
Não, não creio que sejamos um povo preparado para a democracia.
Não, não creio que os jovens sejam "convidados" a ficar no seu país e a crescer.
Não, não creio que uma família consiga sobreviver sem passar fome e grandes necessidades com estes cortes.
Não, não creio que a culpa seja do povo mas sim dos irresponsáveis que têm governado Portugal estes anos todos.
Não, não creio que seja fácil sair da crise mas não o considero impossível.
Não, não creio que estejamos conscientes do que o futuro nos reserva.
Não, não creio que consigamos todos sobreviver com a índole intacta a esta crise.
Não, não creio que vivamos em liberdade e igualdade como a cantiga de Abril anunciava.
Não, não creio que este governo seja melhor do que o anterior.
Não, não creio que estes políticos tenham "amor à camisola".
Não, não creio que os jovens de amanhã sejam a salvação para a nossa nação.
Não, não creio que consigamos produzir algo neste país atrofiado e sem vontade de se erguer.
Não, não creio que isto vá lá com uma revoluçãozinha de meia hora.
Não, não creio que se consiga ser feliz neste "cantinho à beira-mar plantado".


Creio, sim, que Pessoa tinha razão "falta cumprir-se Portugal"

P.S. - Creio que quando saem da Assembleia vão todos juntos à marisqueira e comentam entre si: hoje demos um grande espectáculo para o povinho. Epá, não precisas fingir tão bem que não gostas de mim, eles já sabem que os nossos partidos não se gramam!
Creio que nunca conseguiremos  acreditar que aquilo que se passa lá para os lados da Assembleia seja política séria e justa.

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