Com o tempo deixamos de acreditar em sonhos, tudo começa de forma tão simples e inocente como isto.
Com o tempo as esperanças da infância caem em desuso e o Mundo oprime o nosso optimismo. Perdemos o riso espontâneo, a alegria das pequenas conquistas e a felicidade dos caminhos conquistados.
Com o tempo esquecemo-nos dos valores aprendidos em tempos idos. As palavras sábias dos pais parecem desactualizadas e são remetidas para os cantos sombrios e ausentes da memória.
Com o tempo esquecemo-nos da importância do amor. O gostar, o abraçar, o cuidar passam a ser conjugados no pretérito perfeito e contentamo-nos com essa mudança gramatical.
Com o tempo tornamo-nos naqueles seres detestáveis que odiávamos quando éramos pequenos. Sempre demasiado ocupados para tudo, sempre com uma agenda a cumprir, com um caminho a atravessar, com um assunto inadiável, com um ar de cansaço que mais parece terminal que satisfatório.
Com o tempo ficamos aquém do que imaginámos para nós e desculpamo-nos de forma esfarrapada: o tempo, as oportunidades, o dinheiro, a sociedade...
Com o tempo aprendemos a mentir sobre os nossos fracassos e a disfarçá-los com mestria.
Com o tempo perdemos a humildade e a capacidade de reconhecermos os nossos defeitos.
Sim, o tempo traz sabedoria, rugas de conhecimento e um coração cheio de recordações mas o mesmo tempo que nos traz a "iluminação" necessária para sobrevivermos neste mundo, apaga a pequena chama que todos carregamos cá dentro quando nascemos, a chama da esperança num futuro melhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.